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Condenada pelo Dnit, ponte sobre o Rio Caeté é interditada e acesso passa a ser feito por balsa no interior do Acre

    O acesso à ponte sobre o Rio Caeté, que fica no km 10 da BR-364, em Sena Madureira, interior do Acre, está interditado a partir desta sexta-feira (24). Com a interdição, a travessia no Rio Caeté passou a ser feita gratuitamente por balsas com capacidade de transportar todos os tipos de veículos.

    interdição estava programada para o último dia 18, mas foi adiada para testes com a balsa e novas avaliações. O acesso é importante porque liga os municípios de Sena Madureira e Manoel Urbano, indo até FeijóTarauacáCruzeiro do Sul e demais cidades do Vale do Juruá. Agora, o tempo de viagem para esses municípios deve aumentar em pelo menos uma hora.

    A ponte foi condenada pelo Dnit após inspeções técnicas identificarem trincas e deslocamentos dos blocos de sustentação, causados pelo talude da margem do manancial. A queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga os estados do Tocantins e do Maranhão, foi um alerta para o departamento no Acre

    Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF-AC), cerca de mil veículos passavam pela estrutura diariamente. Com o baixo nível do rio, a travessia demora cerca de 3 minutos e meio, com os carros já estacionados. Quando o rio encher, esse percurso deve dobrar ou até triplicar o tempo de navegação.

    Travessia do Rio Caeté é feita agora por balsa em Sena Madureira — Foto: Jardel Angelim/Rede Amazônica Acre

    Travessia do Rio Caeté é feita agora por balsa em Sena Madureira — Foto: Jardel Angelim/Rede Amazônica Acre

    Uma equipe da Rede Amazônica Acre esteve na ponte nesta sexta para mostrar a situação. Por enquanto, a travessia é feita apenas com uma balsa. Contudo, o governo anunciou que enviará uma segunda balsa para dar apoio nos serviços.

    “O maior transtorno que vamos ter agora é no período de fevereiro e março, que o rio ainda está alto. Quando o rio baixar, aí a balsa vira uma ponte, a gente vai botar um pontilhão, ou seja, com a largura que está agora, vamos ter dois carros passando pelo lado do outro, descendo, que vai diminuir ainda mais esse tempo”, disse o superintendente do Dnit, Ricardo Araújo.

    A PRF-AC e a Polícia Militar atuam na orientação e organização do trânsito nos primeiros dias de travessia. “Vamos auxiliar. A atribuição é da PRF, contudo, as polícias têm que cooperar entre si para que a população possa ser protegida, para que o patrimônio possa ser protegido e tutelado pelas forças de segurança”, explicou o comandante do 8º Batalhão da PM-AC, capitão Fábio Diniz.

    Fila de carros se formou à espera da balsa — Foto: Jardel Angelim/Rede Amazônica Acre

    Fila de carros se formou à espera da balsa — Foto: Jardel Angelim/Rede Amazônica Acre

    Travessia

    O técnico de fusão de fibra Tiago Muniz estava a caminho de Feijó para visitar a família. Ele disse que estava esperando há 25 minutos para atravessar o rio. Muniz contou que soube do fechamento da ponte por aplicativos de mensagens.

    “Fiquei sabendo recentemente. Mas, achei que fosse a ponte de ferro. Aí eu vi que era essa daqui [balsa] e acabou atrasando um pouco mais do que previsto”, falou.

    Motoristas aguardaram até 30 minutos para atravessar — Foto: Jardel Angelim/Rede Amazônica Acre

    Motoristas aguardaram até 30 minutos para atravessar — Foto: Jardel Angelim/Rede Amazônica Acre

    O caminhoneiro Nildo Júnior saiu de Vilhena, interior de Rondônia, para o Acre. Quase toda semana ele transporta mercadorias para a Região do Vale do Juruá. O caminhoneiro relatou que é ruim ter que esperar, mas prefere isso do que correr o risco de passar pela ponte que está ameaçada.

    “Atrasa um pouco mais a viagem, dificulta um pouco mais, mas se a ponte está com problema tem que arrumar, ajeitar, melhor do que cair e dar um problema mais sério”, aconselhou.

    Monitoramento

    Ponte sobre o Rio Caeté segue em monitoramento em Sena Madureira — Foto: Sérgio Vale/asscom Fieac

    Ponte sobre o Rio Caeté segue em monitoramento em Sena Madureira — Foto: Sérgio Vale/asscom Fieac

    A Portaria nº 136, de 8 de janeiro deste ano, destacou a nova movimentação no talude da margem do Rio Caeté, provocando pressão nos apoios da ponte. “Considerando o histórico e a situação atual, a ponte sobre o Rio Caeté pode comprometer a segurança no trânsito dos usuários que trafegam por esse trecho”, diz a publicação.

    O superintendente do órgão falou ainda que o órgão está monitorando a ponte com mais intensidade desde 2022, quando foi decretada a primeira situação de emergência no local. A partir de 2023, o Dnit começou a chamar os técnicos para fazer um levantamento minucioso do que estava acontecendo nessa região.

    “Há dois platôs ali embaixo, um do lado de Sena Madureira e o outro do outro lado da ponte do Caeté, são dois movimentos de terra. Lá embaixo tem uma fenda. Essa fenda e esse pilar não afundou, ele se desloca na horizontal, andou 2,5 metros na direção do outro extremo da outra margem, e foi aumentando a largura”, esclareceu o superintendente.

    Entre setembro e novembro de 2024, a ponte andou 5 centímetros. Por esse motivo, não é possível que o reparo seja feito de forma paliativa.

    Ponte sobre o Rio Caeté, no interior do Acre, teve uma movimentação de 2,5 metros — Foto: Jardel Angelim/Rede Amazônica

    Ponte sobre o Rio Caeté, no interior do Acre, teve uma movimentação de 2,5 metros — Foto: Jardel Angelim/Rede Amazônica

    “A gente não quer que aconteça nenhum acidente, então nós não podemos mais ficar com essa ponte desse jeito. O caminho que foi apontado pelos estudos vai ser a construção de uma ponte nova. Essa ponte será desmanchada e toda a parte da superestrutura metálica vai ser colocada provavelmente em outro lugar, pode ir para outro estado”, disse ele.

    O período mínimo para a construção da nova ponte deve ser de 18 meses, conforme esclareceu o superintendente.

    “Como tem uma emergência, ela pode ser licitada em junho, e aí vai ter uma construção de um ano, mais ou menos. Então, tem um período mínimo, mas a gente tem que ter a segurança e a nossa maior responsabilidade é com a vida humana que está passando ali em cima”, falou.